Desvio e má aplicação de recursos do Governo Federal, fraudes em licitação, despesas não comprovadas e contratos irregulares colocaram o Maranhão entre os estados mais pobres e corruptos do Brasil. No Sistema Único de Saúde (SUS), que deveria assegurar o pleno atendimento médico-hospitalar à população, os desvios somam R$ 75,4 milhões.
O SUS transformou-se no tesouro mais nobre e vulnerável do orçamento público brasileiro. Os recursos bilionários são desviados através de hospitais, clínicas credenciadas e unidades de saúde.
Dados apurados pela equipe de reportagem do Portal O Quarto Poder, junto ao Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde – CNES, mostram que pelo menos 35 políticos do Maranhão (27 prefeitos, 5 deputados e 3 vereadores) estariam recebendo repasse do SUS de maneira ilegal.
Cabe à Justiça Federal processar e julgar os acusados de crimes relacionados a verbas do Sistema Único de Saúde (SUS), já que o uso desses recursos é fiscalizado por órgão federal. (fonte: Jornal 4º PODER)
EM 05 LUGARES AO MESMO TEMPO.
O ginecologista Gildasio Chaves Ribeiro, que foi prefeito de Fortaleza dos Nogueiras e conseguiu eleger a mulher Adriana Luriko Kamada Ribeiro(PV), prefeita de Amarante do Maranhão, só cumpriria a carga horária se fosse onipresente. Ele tem 05 vínculos, dos quais 03 seriam com o SUS em cidades de Imperatriz e Fortaleza dos Nougueiras. Assim, sua carga de trabalho semanal chegaria a 78 horas diárias, sete dias por semana.Gildasio não é o único a receber de maneira suspeita pelo Sistema Nacional de Estabelecimento de Saúde. Na mesma situação está o prefeito Edmar Alves de Oliveira (PDT), de Riachão. Ele aparece ‘prestando serviço’ em 04 estabelecimentos de saúde, sendo que um deles fica na cidade de Balsas.
PREFEITO-MÉDICO QUE TRABALHA EM MATINHA E SÃO LUÍS.
A 242 km de São Luís, no município de Matinha, o prefeito Emanoel Rodrigues Travassos (PV), formado em medicina, com especialização em Cirurgia Geral, deveria atender 20 horas por semana, no hospital Santa Casa, do Governo do Estado, mas faz um bom tempo que o médico não dá expediente no local. Para o Governo Federal, ele também atende 20 horas por semana, no Hospital da Mulher, em São Luís, como cirurgião, além de 40 horas semanais, no hospital Tarquínio Lopes Filho.Os três cadastros no SUS foram atualizados no dia 18 de maio deste ano. Enquanto isso, os recursos continuam sendo enviados. Tentamos fazer contato por telefone com o médico-prefeito, mas não conseguimos localizá-lo.
VEREADOR DO PC DO B PRECISA SE DIVIDIR EM DOIS.
O caso mais intrigante está acontecendo na Câmara de São Luís. O vereador Fernando Lima (PCdoB), teria que estar na Santa Casa, no Hospital Universitário e na Clínica Procardio ao mesmo tempo, para cumprir a carga horária de 26 horas semanais, nos três estabelecimentos de saúde.Ele não está sozinho nessa ilegalidade, além do comunista, dois colegas de Parlamento Ludovicence estariam, também, recebendo verba ilegalmente do SUS. É o caso do vereador Sebastião Albuquerque (DEM), que precisa de 34 horas por semana para poder cumprir a carga horária na Santa Casa. Além de Fernando Lima e Sebastião Albuquerque, o vereador Gutemberg Araujo, que se licenciou do cargo para assumir a Secretaria de Saúde, também aparece no cadastro irregularmente. Entretanto, Gutemberg, em nota encaminhada a nossa redação, informou que já foram encaminhados expedientes ao Hospital Universitário e ao Hospital Carlos Macieira para que o seu nome seja retirado do Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde (DATASUS) do Ministério da Saúde.
HOSPITAL DE ICATÚ COM MÉDICO FANTASM.
Quem precisa de atendimento no povoado Jussatuba, em Icatu, tem que recorrer a Unidade Básica de Saúde de Jussatuba PSFSB. Mas, na maioria dos casos os pacientes recebem passagens de vereadores da região para usarem o ônibus da empresa Cisne Branco, para tentarem conseguir atendimento em São Luís. Os motivos: falta de médicos para atender a população. A reportagem realizou uma busca junto ao banco de dados do Datasus e constatou que a Unidade de Saúde funciona com 17 profissionais, destes, apenas 02 são médicos.O QUARTO PODER foi até o povoado Jussatuba para conversar com os médicos, mas para nossa surpresa, um morador que pediu para não ter a identidade revelada, afirmou que se tratava de mais um caso de “médico-fanstama”. No local fomos informados que os médicos já não trabalhavam mais no Unidade de Saúde.
MENTIRA NOS CADASTROS DE NORTE A SUL DO ESTADO.
O levantamento de O Quarto Poder encontrou números fictícios em todo parte do Estado. Números falsos, Leitos de UTI invisíveis, profissionais cadastrados com especialidades em que não tem nenhum conhecimento. Essa é a estratégia usada por alguns agentes públicos para receberem todo recurso que vem do Ministério da Saúde.Na Raposa, a última atualização junto ao Ministério foi no dia 22 de maio deste ano. Existem mais de 100 médicos que atendem no município, tudo ilusão.
Um dos médicos que geralmente fica no plantão possui outros seis vínculos empregatícios e deveria cumprir uma carga horária de 120 horas por semana, segundo os dados do SUS. Além do Centro Integrado Medico e Odontológico de Raposa (Cimor), ele possui vínculos com a Prefeitura de Bacabeira; com a Prefeitura de Barreirinhas; Unidade Básica de Saúde Santo Antonio, ligada à Prefeitura de Bequimão e Multiclinicas Assistência Medica Cirúrgica e Hospitalar LTDA. A mesma situação se repete com outros profissionais.
fonte: Jornal 4º PODER